CARTILHA DO DISCIPULADO

Colégio Episcopal

Câmara do Discipulado

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INTRODUÇÃO

A Igreja Metodista no Brasil tem priorizado para o novo período eclesiástico a implantação

do Programa do Discipulado em todas as suas igrejas. Essa implantação será feita dentro

do contexto do Programa “Dons e Ministério”. É no contexto do Plano Vida e Missão e

sob a forma de ser Igreja a nos moldes de Dons e Ministério que surge o Discipulado.

Antes de ser um método, o Discipulado é uma “maneira de ser”, um “estilo de vida” à luz

do Evangelho.

Em meados da década 80 houve um empenho em estabelecer o Discipulado no contexto da

Igreja Metodista. Devido a uma série de circunstâncias esse objetivo deixou de ser algo

estrutural e estrategicamente implantado. Mesmo assim, sob a inspiração de vários

,movimentos, em especial orientado e difundido pela SEPAL – Serviço de Evangelização

para a América Latina, vários pastores (as) e igrejas passaram a usar a maneira de ser do

Discipulado no seu ministério e em sua igrejas locais.

Com o decorrer dos anos o evangelismo brasileiro passou a estar sob inspiração de vários

movimentos cuja fundamentação encontrava-se fincada no Discipulado. Sob o impacto de

experiências tidas em outros países livros foram traduzidos e escritos visando ajudar a

Igreja a refletir e assimilar essa maneira de ser. Surge, então, as igrejas nos lares, os grupos

familiares, as células e uma diversidade de modo de ser semelhantes . Constatou-se que no

contexto da Igreja Metodista havia um significativo espaço que poderia ser ocupado por

algo que, no seu princípio era parte da história e da natureza do movimento Wesleyano.

Programas ligados a Grupos de Pacto, Renovação da Aliança foram idealizados e

implantados em alguns países, em especial nos Estados Unidos junto da Igreja Metodista

Unida.

O Colégio Episcopal refletindo a respeito da natureza e da forma metodista de Ser Igreja

decide abrir espaço e implantar no Brasil o Discipulado , consciente de que antes de ser um

método, um processo pedagógico e educativo, é ele Um modo de Ser e um estilo de vida

evangélico e Wesleyano. Em 1999 cria-se um grupo Nacional de trabalho visando avaliar a

experiência tida pela Igreja, através de alguns pastores e grupos locais. Tendo

representações de pessoas de todas as Regiões e Campos Missionários realizou-se na

Fazendinha do Izabela um Seminário sobre o assunto. A seguir foi Criada a Câmara do

Discipulado sob a supervisão das Coordenadoria de Educação e de Missão. Em todo o

Brasil passou-se a ter-se encontros para fundamentação e treinamento, inclusive dentro da

ação episcopal, em suas múltiplas áreas. Bispos e Superintendentes Distritais passaram a

conviver sob a luz dessa forma de Ser. Bispos e pastores (as) em várias regiões passaram a

ter Encontros de conscientização e treinamento. Estabeleceu-se um período de vivência e

experiência nas Regiões e Campo Missionário buscando-se uma amostragem que pudesse

ser orientadora na formulação final deste Programa de Discipulado.

O Colégio Episcopal resolve tomar para si a responsabilidade da implantação do

Discipulado desenvolvendo algumas definições e critérios fundamentais para orientar a sua

implantação. No contexto do início do novo período Eclesiástico (Qüinqüênio) o

movimento do Discipulado toma a forma de Programa Oficial.

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O Discipulado é visto e entendido como o modelo de ser Igreja usado por Jesus. Relendose

a Bíblia encontramos este princípio tanto no Antigo como no Novo Testamento, em

especial no Ministério de Jesus. Ao reler a História do Movimento Wesleyano surge a

convicção que, também Wesley, fundamentou o movimento por si iniciado através de

pequenos grupos de pessoa. A forma de ser Igreja através do Discipulado tem sido

grandemente difundida no Evangelismo brasileiro. Ao implantar o Discipulado no contexto

da Igreja Metodista não estamos procurando acompanha um ”modismo” presente em nosso

contexto e nem mesmo criar algo para combater grupos existentes que têm influenciado

igrejas por todo o Brasil e até a América Latina.

Existem Igrejas Evangélicas que acolhem o Discipulado entendendo ser ele a melhor forma

de promover o crescimento de suas igrejas. Grandes igrejas no mundo e no Brasil buscam

no Discipulado uma forma de estar mais junto de seus membros fundamentando melhor a

fé e a experiência de suas comunidades. A Igreja Metodista ao definir trilhar este caminhar

não o faz visando combater nenhum movimento e nem, prioritariamente adotar uma

metodologia de evangelização e crescimento da Igreja.. O que nos motiva é adotar o

Discipulado como “um modo de ser”, “ um estilo de vida” pessoal e comunitário, sendo

também uma “forma de pastoreio” a ser desenvolvido em nossas comunidades e uma

“estratégia” na maneira de ser Igreja Comunidade Missionária a Serviço do Povo .

Visando essa finalidade alguns textos foram escritos e outros recuperados de experiências

passadas. Em especial destacamos os escritos pelo Bispo Josué Adam Lazier no Kairós,

Estudos Bíblicos Pastorais, Outubro de 99, Quarta Região Eclesiástica e pelo Bispo Paulo

Tarso de Oliveira Lockmann – O Caminho do Discipulado – de Jesus a nós, como um

volume da Biblioteca Vida e Missão, dezembro de 2.000. A partir daqui muitas reflexões

têm sido publicadas em boletins, revistas, jornais Regionais , inclusive posicionamento de

bispos em suas respectivas regiões. Além destes junta-se uma série de textos produzidos

por igrejas locais e pastores que já vêem vivenciando durante anos essa caminhada.

Ao agruparmos muitos desses textos, decisões do Colégio Episcopal e materiais produzido

pelo Grupo de Discipulado colocamos à disposição da Igreja como Norteador do Programa

do Discipulado o presente texto.

Desejamos que haja paulatinamente, com fundamentação bíblica e histórica, a reflexão e a

implantação do Discipulado através do ministério pastoral nas igrejas locais. Em cada

Região ou Campo Missionário grupos ou câmaras de discipulado estão despertando,

conscientizando, capacitando e implantando este Programa. Muitos são os desafios, dentre

eles o de produzir-se textos para estudo e vivência nos pequenos grupos. Aos pouco eles

estarão surgindo ou indicados procurando suprir a ausência de material oriundo de nossa

tradição metodista.

Cada experiência local, distrital ou regional torna-se importante para a Igreja Nacional. A

partir daqui o compartilhar experiências, vivências e modo de ser será de real valor para

toda a Igreja.

Com oração, buscamos a sabedoria e a inspiração do Espírito a fim de que possamos juntos

vivenciar esse “estilo evangélico e Wesleyano de vida” em nossas comunidades locais.

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O DISCIPULADO – UMA ILUSTRAÇÃO.

A vida é a maior fonte de ilustração e expressão de conhecimentos, analogias e

experiência.

Em relação ao Discipulado escolhemos o visualizar da vida em seus múltiplos momentos,

desde a fecundação até o final da existência. Uma seqüência natural ocorre no viver

humano: Fecundação, Gestação, Nascimento,Infância,Crescimento, Juventude, Maturidade

e Terceira Idade. Considerando-se as especificidades de cada um desses momentos

poderemos fazer uma analogia com o Discipulado. A cada uma dessas fases a pessoa tem

(ou deveria ter) uma seqüência de acompanhamentos específicos a cada fase. Por exemplo:

No período de fecundação, onde há a participação do homem e da mulher temos o

acompanhamento da área de ginecologia. No momento do nascimento contamos com o

ginecologista ou mais especificamente, o(a) obstetra, podendo ainda ter-se a presença de

uma parteira. Na fase da Infância, temos a Pediatria. No momento de crescimento existem

pessoas que acompanham crianças, juvenis e jovens com suas especificidades. A Clinica

Médica acompanhará a pessoa em quase todas as fases. Como marca dos tempos modernos

a medicina é grandemente praticada através de diversas especialidades. Na Terceira Idade

surge a geriatria que busca acompanhar o (a) ancião à luz da sua realidade.

O que queremos dizer com isso?

Na vida cristã há momentos diversos. Esses momentos podem ser avaliados e

exemplificados com as fases da vida, o seu crescimento e o respectivo acompanhamento

médico.

É costume entre nós, ao realizarmos um programa evangelístico, que o resultado do

movimento propiciou um certo número de convertidos. Lembro-me de trabalhos

evangelístico de grande porte – um grande evento – que catalogou o número elevado de

“conversões”. Nesse contesto indago: houve mesmo a conversão? Não seria melhor dizerse

que houve a “fecundação” do evangelho na vida de uma pessoa. A partir daqui a pessoa

necessita de acompanhamento, crescimento em maturidade. Semelhantemente às fases da

natureza, há muitas fecundações que não chegam a vingar. Abortos de todos os tipos

acontecem, impedindo a continuidade da vida.

Da mesma forma podemos dizer quanto ao período de gestação. Há aqui fases diversas que

possibilitam ou não a boa ou a má formação genética. NO contexto da fé o mesmo

acontecem: pessoas fecundadas pela graça através do Espírito podem ter tido o

desenvolvimento gestatório difícil e complicado, através do qual uns são abortados e

outros crescem com deformações genéticas ou congênitas. Visando dar suporte e expressar

o cuidado amoroso com as pessoas o Discipulado pode favorecer uma gestação adequada,

além de poder atender casos de má formação congênita.

Nós adultos gostamos de conviver com as crianças. Nessa convivência temos

experimentado as mais diversas formas de relacionamento. Há crianças que devido a

problemas de formação ou de nascimento necessitam de cuidados especiais. Algumas delas

não irão amadurecer. Deverão ser aceitas com as suas carências dando-se a oportunidade

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de expressar aquilo que lhes é particular. Nessa analogia o acompanhamento pastoral e

discipular estará ajudando a vivenciar um processo de amadurecimento na vida da pessoa

(ou pessoas), inclusive criando situações especificas à sua realidade e capacidade.

Na fase de crescimento, indo até o final da adolescência (compreendida mais em termos de

mentalidade e modo de ser do que de forma cronológica, deverá haver um cuidado

acompanhamento que leva em conta as fases diferenciadas, as especificidade desse

momento, fazendo com que a vivência e a experiência desse período venha a ser algo

construtivo, edificante e que nos leva à maturidade.

Entre 30 a 60 anos, busca-se encontrar o período da maturidade. Dependendo da formação

genética, educacional, cultural e da vivência na vida familiar, bem como na Igreja e na

Sociedade haverá uma múltipla diferenciação nas pessoas quanto à forma de ser, de

pensar e de agir. Esse período requer um acompanhamento personalizado e diferenciado

conforme a realidade e a necessidade de cada pessoa.

Quando entramos na fase da Terceira Idade ( a Melhor-Idade) carecemos de

acompanhamento específico, espaço de vivência através do qual a nossas aprendizagem,

sabedoria e capacidade deverão ser aproveitá-as.

Em todas as dimensões da vida encontramos adultos que são crianças, crianças que não

evoluíram, jovens que são imaturos, idosos que mantém um espírito jovem e alguns outros

que demonstrar uma imaturidade juvenil. Há uma série de variantes nessa ilustração. Todas

elas indicam para uma reflexão a respeito da vida cristã, onde há diversas fases, muitas das

quais apresentam deformações quanto à formação e ao crescimento.

Uma comunidade local carece ter semelhantemente às especialidades médicas, pessoas,

grupos e movimentos que possam atender a realidade de cada pessoa em sua fase de

crescimento e vivência cristãs. Há muitas pessoas que foram abortadas; outras tem má

formação genética ou congênita, apresentando certas características e problemas. Outras

tantas apresentam-se com uma imaturidade constante – crianças na fé ou na juventude da

vida. Aliás Paulo referiu-se a essa distorçam na fé, o mesmo acontecendo com pedro.

Tudo isso nos ilustra e significa que a Igreja, através de suas comunidade locais necessitam

cuidar das pessoas e dos grupos em suas múltiplas e diferenciadas fases.

O Discipulado é um processo evangélico que possibilita esse tipo de acompanhamento

personalizado e grupal. Sendo um estilo de vida, uma forma de relacionamento,

convivência, comunicação e comunhão ele está mais diretamente qualificado para ajudar a

comunidade da fé a alcançar a maturidade cristã. Não podemos continuar sempre na

imaturidade da fé. As pessoas e as comunidades de fé estão sendo desafiadas a crescerem

em tudo – todas as dimensões- em Cristo e através da presença do Espírito alcançarem a

maturidade. Partindo da convicção de que os grupos de Discipulado acompanham as

pessoas em todas as fases da vida abrindo espaço para um crescimento em maturidade é

que estamos refletindo sobre esse processo discipular procurando implantá-lo e tornar-se

uma realidade na vida das comunidades metodistas.

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PROGRAMA DE DISCIPULADO

Conceito:

Discipulado – visa dar fundamentos bíblicos, teológicos, históricos e práticos, como um

instrumento de inspiração, balizamento e implementação desse processo na Igreja

Metodista.

Percebe-se, à primeira vista, que o Discipulado, antes de ser um método, é um estilo de

vida, uma maneira de ser, no expressar evangélico de nossa fé. Não visa de início a ser um

processo didático de aprendizagem. Nem mesmo uma forma pragmática de crescimento

para a Igreja. É algo bem mais relacional, que busca à luz do próprio Cristo, fundamentar a

comunhão, a convivência, a comunicação e a formação do caráter das pessoas relacionadas

com o Senhor e com Sua comunidade – a Igreja, corpo vivo de Cristo. Essa foi a maneira

de ser do Senhor com a sua comunidade primitiva e da comunidade apostólica, bem como a

convivência inspiradora, fraternal e comunal do povo chamado metodista, a partir de sua

grande expressão - João Wesley. (Biblioteca Vida e Missão – O Caminho do Discipulado

de Jesus a nós – Paulo Tarso de Oliveira Lockmann).

O QUE ESPERAMOS DO PROGRAMA DO DISCIPULADO

1. Recuperar a tradição de João Wesley dos grupos pequenos, com que as

sociedades do metodismo primitivo eram organizadas, cujo objetivo claro era,

segundo Wesley, “um grupo de homens procurando o poder da piedade, unidos para

orar juntos, para receber a palavra em exortação e para vigiar uns pelos outros em

amor, a fim de que possam auxiliar-se mutuamente a conseguir sua salvação”.

2. Desenvolver os objetivos do discipulado resumidos nesses três aspectos:

crescimento dos novos membros, integração no programa de Dons e Ministérios da

Igreja e formação e treinamento de novos líderes (convivência, comunhão e

aprimoramento das pessoas em seu relacionamento interpessoal, consigo mesmas e

com Deus, segundo necessidades e condições específicas). O discipulado não é,

portanto, mais um programa da Igreja, mas está em relação direta com a dinâmica

de Dons e Ministérios, que orienta os membros da igreja no cumprimento da

missão, sobretudo da Grande Comissão (Mt 28.18-20).

“A Igreja Metodista reconhece o valor e a importância do Discipulado Cristão. Muito mais

do que uma técnica ou fórmula, o discipulado é um modo de ser e de viver. Cremos que em

Jesus Cristo temos a expressão mais exata do discipulado ao examinar o seu ministério e a

forma com que relacionava-se com seus discípulos.

Cremos que o discipulado é um estilo de vida (mais do que um método, plano ou programa)

onde a comunhão, a convivência, a intimidade, o relacionamento e a busca de caráter estão

em contínuo processo de desenvolvimento.”

O Colégio Episcopal, no uso de suas atribuições, edita as seguintes diretrizes para o

Programa de Discipulado a ser desenvolvido na Igreja Metodista:

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PROPÓSITOS DE UM GRUPO DE DISCIPULADO:

a) Reunir famílias e amigos/as da igreja, que residam em um mesmo bairro, com o

propósito de “educar-nos e orientar-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões

mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.12). E assim,

aprender a Palavra de Deus uns/umas com os/as outros/as, servindo de apoio mútuo, em

oração, amor e esperança.

b) Reunir um grupo de novos convertidos, para que alcancem a maturidade em Cristo Jesus

e sejam “apresentados a Deus aprovados, como obreiros e obreiras que não tenham do que

se envergonhar e que manejem vem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). Com isso,

aprendam a ser disponíveis para Deus, descubram seus talentos e dons espirituais e

desenvolvam seu ministério, amparados num caráter cristão justo, santo e irrepreensível.

c) Reunir irmãos e irmãs nos bairros estratégicos em grupos familiares, com o objetivo de

acolher vizinhos/as e amigos/as que não conheçam o Evangelho, e demonstrem interesse

em participar de um grupo de oração e estudo bíblico, ajudando-os/as a ter um encontro

com Cristo.

d) Reunir a liderança formal e informal da igreja para momentos de pastoreio mútuo,

oração, comunhão e desenvolvimento do espírito de companheiros de jugo. Os membros de

um determinado ministério podem formar um grupo de discipulado.

e) Reunir grupos de casais com objetivo de partilhar experiências, estimular o convívio

comum, estudar temas significativos que possam aperfeiçoar e aprofundar o

relacionamento e a vivência comuns, à luz do orientação bíblica.

f) Reunir pessoas e grupos com o objetivo de aprimorar a capacitação das pessoas visando

ao exercício de Dons e Ministérios, à intimidade no relacionamento com Deus e à

convivência entre as pessoas.

g) Criar, em qualquer das experiências acima, um ambiente de fraternidade, comunhão e

confiança, no qual as pessoas possam, durante os momentos de estudo da Palavra de Deus,

compartilhar suas lutas e sonhos, ajudar e acolher outros/as, fazendo novos discípulos e

discípulas de Jesus.

DISCIPULADO

* Três elementos a considerar:

ESTILO DE VIDA – COMPROMISSO COM O REINO

MÉTODO DE PASTOREIO

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ESTRATÉGIA PARA O CUMPRIMENTO DA MISSÃO

O QUE É O DISCIPULADO?

Discipulado busca algo mais do que ser um mero processo educativo.

Ele é um estilo de vida, uma maneira de ser em que as pessoas se relacionam, entram em

comunhão, acolhem umas as outras, compartilha o que são, sentem e carecem; oram umas

pelas outras, louvam e adoram ao senhor juntas, estudam a palavra à luz da graça, da

experiência e da razão, da comunidade da fé.

Nesse sentido vive e cumpre o que a palavra nos diz:

 Levar os fardos uns dos outros – Gl.6.1-2

 Acolher-se mutuamente conforme Cristo nos acolheu – Rm.15.7

 Apoiam, são o suporte uns dos outros/as – Cl.3.13

 Perdoam-se mutuamente – Ef.4.32

 Expressam o amor mutuamente – Ef.5.1-2

 mais forte é convidado a suportar e ser o suporte do mais frágil – Rm.15.1

 Somos chamados a vivenciar Cristo na relação com as pessoas, famílias...

Esse estilo de vida houve em Cristo e sua comunidade apostólica. Wesley vivenciou essa

mesma realidade na dinâmica da vida cristã em suas comunidades primitivas. Dessa forma

o processo de santificação tornou-se de alcance pessoal e social.

É na vivência da comunidade que a dinâmica do discipulado é desenvolvida. Ele não é algo

isolado, mas integrado aos propósitos básicos missionários da igreja, comunidade viva do

corpo de Cristo. Nesse sentido é um espaço aberto, transparente e dialogal.

O QUE BUSCAMOS?

 Compartilhar a fé

 Acolher uns aos outros

 Partilhar nossas experiências e testemunhos

 Estudar e vivenciar a palavra

 Confessar as nossas fragilidades

 Aprimorar e aperfeiçoar o nosso discipulado

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 Louvar

 Orar

 Adorar

 Viver mais plenamente conosco e entre nós a piedade e a misericórdia

 Crescer no caminho da maturidade em Cristo:

ORIENTAÇÕES BÁSICAS QUANTO AO DISCIPULADO

a) O discipulado deve acontecer em pequenos grupos, pois essa estrutura tem se

apresentado mais eficiente e enriquecedora para as pessoas envolvidas. Eles devem ser

organizados de acordo com o número de líderes disponíveis, maduros e aptos para

discipular outros.

b) O/a pastor/a da igreja deve estar envolvido/a para dinamizar e orientar os grupos. Sua

participação no programa de discipulado é muito importante, mas não se deve depender

exclusivamente dele/a. É importante desenvolver com o/a pastor/a um grupo de liderança

visando à convivência, comunhão e preparação, para o funcionamento dos demais grupos.

material a ser estudado deve ser previamente preparado ou selecionado pelos responsáveis

(com a participação do/a pastor/a) e corresponder às necessidades do grupo. O Colégio

Episcopal, por meio da Coordenação da Área Docente e Missionária, preparará e oferecerá

temas para as igrejas locais.

c) Os/as participantes do grupo devem ter o entendimento claro de que são discípulos de

Cristo e não do líder do grupo.

d) Deve-se evitar o sentimento de superioridade ou "orgulho espiritual" por causa da

participação num grupo de crescimento ou discipulado da igreja.

e) O discipulado deve ser visto como um estilo de vida que caracteriza aqueles/as que estão

comprometidos com a mensagem do Reino de Deus e Sua Justiça; como um método de

pastoreio que pode estar inserido no Plano de Ação da Igreja Local e Plano de Ação

Pastoral e como estratégia para o cumprimento da missão (Mateus 9.35-38).

f) Deve-se estabelecer objetivos a ser alcançados pelo grupo. Estes objetivos devem ser

definidos pelo próprio grupo, sob a coordenação do respectivo líder. Os objetivos traçados

devem estar de acordo com os da igreja e o seu Plano de Ação.

g) O material a ser estudado deve ser previamente preparado, selecionado ou indicado pela

Coordenadoria Nacional de Discipulado, após concordância do Colégio Episcopal. A sua

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seleção e adequação deve ser decidida através da participação do pastor/as, com a

participação do líder, respondendo assim às necessidades do grupo.

OBJETIVOS GERAIS DO DISCIPULADO

1. Proporcionar ao discípulo “formação” e “crescimento” em sua vida cristã, capacitando-o

para exercício de seus ministérios.

2. Conscientizar o discípulo de que mais do que uma técnica educativa ou um programa de

capacitação, o discípulo caracteriza uma nova maneira, um novo estilo de ser.

3. Oportunizar ao discípulo condições de amadurecimento na e através da comunhão e

serviço, com Deus e com o próximo.

4. Conscientizar o discípulo sobre a necessidade de uma abertura para a comunidade,

buscando não apenas o seu crescimento individual, mas também o crescimento de seu

grupo (de discipulado) e da sua comunidade (crescer na direção dos outros).

5. Orientar o discípulo para que cresça na noção e prática de um ministério conjunto, ou

seja, interação com outras pessoas, cada uma no exercício de seus dons e com suas

características particulares.

6. Estimular o discípulo à busca de maior auto-disciplina na leitura e estudo da Bíblia livros

subsidiários, na oração, na comunhão e no serviço.

7. Desenvolver no discípulo a noção prática da criatividade, iniciativa na vida cristã, não

sendo apenas um bom “executivo”, mas um criador de idéias e situações que lhe

oportunizem, e a outros, o exercício de um ministério frutífero.

8. Desenvolver no discípulo um espírito critico sadio e construtivo, com o qual possa

examinar criticamente sua vida e a realidade toda em que está inserido, de modo a dar sua

contribuição, como um agente de transformação.

9. Capacitá-lo para fazer novos discípulos, motivando-o a um testemunho evangelizante.

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DO DISCIPULADOR

Seguindo alguns princípios bíblicos estabelecemos alguns elementos básicos que devemos

encontrar nos líderes do discipulado.

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a) Pessoa dominada pela graça de Deus. Wesley perguntava aos seus colaboradores: Tens

a Graça? O discipulador precisa ter passado por uma experiência pessoal com Deus e

conhecer a sua Graça.

b) Ter um sentimento de Servo, conforme o Seus Senhor. O discipulador testifica a

respeito desta forma de ser. Está dominado pelo sentimento de serviço, pois no trabalho

que realiza estará à disposição dos outros.

c) Dedicar tempo para conviver e aconselhar os seus discípulos, como Jesus fez. Mc.3.14

nos mostra que o mestre dedicou tempo para acompanhar e aconselhar os seus

seguidores. O discipulado pode exigir esse sacrifício do líder, cuidando sempre de não

criar uma dependência contínua em relação aos seus liderados.

d) Consagrar-se ao ministério que vai exercer sem descuidar de “transmitir” a outros o

que havia recebido (II Tm.2.2), fazendo com que esta seqüência continue

ininterruptamente.

e) Realizar com amor e dedicação este ministério. Isso é importante para o crescimento e

a maturidade do discípulo.

f) Ser uma pessoa capaz, temente a Deus, não dominado pela avareza, tendo

compromisso com a verdade. (Ex.18.13-27); tendo boa reputação, sendo pessoa cheia

do Espírito e que viva com sabedoria (At.6.3); tudo fazendo com expontaneidade, sem

ganância, com muita boa vontade, não sendo dominador sobre os outros, sendo, acima

de tudo, modelo para o rebanho. (I Pd.5.2-4).

g) O critério para o Discipulado, tanto para o discipulador como o discípulo é Cristo.

h) Vivenciar o espírito de obediência, renúncia, compaixão, sendo amigo, companheiro e

servo. Expressando a fé que atua pelo amor em tudo.

i) Testificar a respeito dos dons que o Senhor lhe tem proporcionado, sinalizando-os com

os frutos.

FUNÇÕES DO DISCIPULADOR

 Proporcionar um ambiente de amizade e confiança para o qual são úteis atitudes como

acolher os participantes, promover o diálogo entre as pessoas, dar oportunidade para

que todos participem, agradecer o lar que hospeda o grupo, etc.

 Dirigir a discussão bíblica, procurando envolver todos os participantes e valorizando

todas as contribuições dadas.

 Controlar o tempo da reunião, dividindo-a em momentos de cânticos, oração, estudo

bíblico, compartilhar e intercessão pelos problemas apresentados.

 Treinar outros líderes (2Tm 2.2). O líder do grupo deve estar atento para perceber os

líderes em potencial e começar a treiná-los para que venham a ser líderes de outros

grupos de discipulado.

 Encaminhar ao/à pastor/a casos que exijam um acompanhamento pastoral e necessitem

da participação do pastor ou da pastora.

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 Criar espaços e oportunidades para a convivência do grupo, os momentos de lazer, a

mútua cooperação e o serviço comum.

 Assessorar o grupo visando o estabelecimento de objetivos.

 Fazer contatos com os membros do grupo.

 Avaliar o seu ministério e o aproveitamento do grupo.

A PARTICIPAÇÃO DA PESSOA NO DISCIPULADO

a) A pessoa deve ter a convicção de que é discípulo de Cristo e não discipulador. O seu

crescimento, a sua experiência o seu enriquecimento não deve limitar-se às do

discipulador. Esse processo não é como uma competição onde procura-se superar um ao

outro. Aqui temos uma busca contínua pela santificação onde procuramos superar

nossos limites pessoais e nos aprimorar no Evangelho do Reino.

b) Salienta-se que deve haver uma valorização da experiência pessoal de cada discípulo.

Que ele sinta que sua vida, a sua experiência bem como as suas idéias são importantes.

A sua participação no discipulado não é apenas no sentido de receber (como uma

esponja), mas também de dar, de compartilhar sua fé e experiência cristã, por menor

que lhe pareça ser.

c) A sua experiência comunitária deve ser também compartilhada e estimulada.

d) Lembrando-se que o discipulado, mais que um método, é um novo estilo de vida, deve

engajar-se nele, devendo torna-lo parte de sua própria vida. Dessa forma dá-se a ele a

sua devida importância.

e) Não olhar o discipulador com um deus ou ídolo, ou ainda o “mais que perfeito”.

Procure vê-lo e senti-lo como um ser humano, com as suas limitações, sujeito ao erro,

que busca permitir ao Senhor aperfeiçoar o seu viver e usá-lo como um simples

instrumento de Deus.

f) No caso de grupo a sua participação no diálogo deve ser equilibrada. Que ele não deixe

de falar, mas também não deixe de ouvir o que os outros tem a dizer. Por um lado a sua

experiência tem valor, a sua opinião é importante, todavia não é única. As outras

pessoas têm também o que compartilhar.

CRITÉRIOS VISANDO A SELEÇÃO DE PESSOAS PARA O DISCIPULADO

1. Pessoas realmente dispostas a dedicarem-se ao estudo, às reuniões, à vivência, a tudo

enfim que o discipulado exige. Observação: Poderão facilmente ser encontradas pessoas de

grande potência, que precisam, porém, ser estimuladas a colocarem o discipulado como

uma prioridade. O/a pastor/a pode ser este/a despertador/a da motivação bem como outra

pessoa que já esteja engajada no discipulado.

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2. Pessoas que estejam abertas à revisão e reavaliação de sua vida cristã, com acentuado

interesse em crescer e frutificar.

3. De modo especial para primeiro/s grupo/s, embora sempre necessário, é conveniente a

escolha de pessoas cuja vida possa ser motivo de inspiração e exemplo, não por serem

perfeitos, senão por serem sinceros na busca de uma mais perfeita comunhão com Deus e

com o próximo.

4. Pessoas que se disponham a transmitir a outros o que aprenderam, conforme princípio

bíblico de II Tm 2.2.

5. Disposição para o estudo e compreensão dos objetivos do discipulado;

6. Disposição para avaliar e reavaliar a sua vida cristã;

7. Humildade para com Deus e o próximo. Os participantes não devem sentir-se melhores

que os outros que não participam de nenhum grupo de discipulado;

8. Espírito de comunidade. O grupo de discipulado não pode ser um “grupinho” separado

da igreja, mas sim estar a serviço da igreja e integrado na programação da mesma;

9. Ter espírito de serviço e dedicação aos ministérios da igreja;

10. Evitar a marginalização ou exclusão de pessoas que gostariam de participar do

discipulado. Todos os membros devem ter esta oportunidade.

FOLHA 13

DESENVOLVENDO O DISCIPULADO

Consideramos o fato de que o discipulado deva começar na igreja local através de um gripo

formado pelo/a pastor/a e sua liderança. Semelhantemente a Wesley, o líder da comunidade

torna-se uma espécie de supervisor.

Da mesma forma que o/a pastor/a convive e conduz o processo discipular, encontrando-se

semanalmente com os seus líderes, haverá um grupo especial junto do pastorado, sob a

condução do SSDD ou de quem o bispo indicar visando a experiência discipular no nível

pastoral.

O Bispo terá o seu grupo partilhado pelos SSDD. Isso sempre no espírito do que tem sido

dito a respeito do discipulado: visando comunhão, fraternidade, unidade, mutualidade,

oração, estudo e aprofundamento no relacionamento com Deus e uns com os outros.

O Colégio Episcopal proporcionará meios para que, também os bispos possam participar da

experiência do discipulado, convivendo entre si.

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NA IGREJA LOCAL

Várias são as opções que possibilitam a formação de grupos de discipulados na igreja local.

Há uma diversidade de tipologia dos grupos. Não é aconselhável, num primeiro momento,

criar uma série de grupos, mesmo que diferenciado na sua formação e quanto ao seu

objetivo. Tem-se dito que, inicialmente, deveríamos ter um ou dois grupos iniciais que

poderiam estar localizados entre: grupo de neo-convertidos, grupo de maturidade cristã

acolhendo pessoas que há anos estão na igreja local e grupo de capacitação para a Missão e

o Ministério, formado por pessoas que estão participando ativamente de algum ministério

da igreja local. Com o avançar da experiência e o decorrer do tempo, após a devida

avaliação, o número e a natureza dos grupos serão modificados, ampliando-se a experiência

nessa vivência discipular.

O QUE PRIORIZAR NA REUNIÃO DO GRUPO

Seguindo os objetivos estabelecidos para os grupos de discipulado haverá uma diversidade

de momentos e atividades no encontro dos grupos.

1. Momentos de acolhimentos que possibilitam ampliar a comunhão e vivência entre os

membros do grupo.

2. Hora de partilhar experiências, expectativas e necessidades.

3. Expressão de adoração e louvor através de cântico e orações.

4. Estudo do tema indicado através de uma metodologia compartilhada, sob a direção do

líder. Deve-se buscar a participação de todas as pessoas, evitando-se a dominância de

umas sobre as outras.

5. Orientação sobre o que necessita ser lido, pesquisado e estudado visando as próximas

reuniões.

6. Momento de intercessão no grupo entre os seus membros, conforme as necessidades

expressas no encontro.

7. Convivência através de momentos de fraternidade e lazer (quando possível).

8. Levar em consideração o fato de que encontros discipuladores não significa estar

apenas num local definido (casa, igreja, etc). Oportunidade de convívio, encontros,

lazer deverão surgir no decorrer da semana entre pessoas do grupo ou de todo o grupo.

9. Não se esquecer de que a experiência do disipulado não é algo isolado e independente

da igreja local. É importante ter-se em mente que a igreja local e sua vivência é

predominante sobre os grupos. Isso significa não agir contrariamente aos objetivos,

princípios, planejamento e programas da igreja local e sim, estar integrado de forma

dinâmica com a comunidade de fé.

Há muitas outras formas de seqüência e convivência no caminhar do Discipulado. De

acordo com a realidade e a necessidade dos membros e dos grupos poderão ser buscado

formas mais efetivas para a vivência do Discipulado. Qualquer que seja o modo de ser e a

forma de se estruturar devemos levar em consideração que o tempo máximo de um

Encontro não deve ultrapassar de 1h30. A não ser em caráter excepcional poderá chegar-se

a 2h00.

15

Conforme o tema e a unidade de estudos, orientações específicas e diferenciadas poderão

ser sugeridas.

O QUE A IGREJA ESPERA DO DISCIPULADO?

A igreja espera desenvolver o discipulado, pelo menos em três aspectos:

1. Crescimento e maturidade dos novos membros

2. Aprofundamento em vivência e comunhão da experiência cristã, caminhando na direção

da Perfeição Cristã em todos os sentidos: pessoal, familiar, relacional, eclesial e social.

3. A capacitação das pessoas visando ao desenvolvimento da missão e seus ministérios

específicos.

O DISCIPULADO BUSCA ALGO MAIS DO QUE SER UM MERO PROCESSO

EDUCATIVO

Ele é um estilo de vida, uma maneira de ser, em que as pessoas se relacionam, entram em

comunhão, acolhem umas às outras, compartilham o que são, sentem e carecem, oram umas

pelas outras, louvam e adoram ao senhor juntas, testificam a respeito da presença divina em

suas vidas, estudam e interpretam a palavra à luz da Graça, da Experiência, da Razão, da

comunidade de fé e da vida. Nesse sentido, vivem e cumprem o que temos na palavra de

Deus: levam os fardos uns dos outros (GL.6.1-2); acolhem mutuamente um ao outro (Rm.

15.7); são o apoio e o suporte uns dos outros (CL. 3.13);perdoam-se mutuamente (Ef. 4.32);

expressam o amor uns para com os outros, andando em amor como Cristp os amou (Ef.5.1-

2); o mais forte é convidado a suportar e ser o suporte do mais frágil (Rm. 15.1-2)

conforme Cristo agiu... Dessa maneira, poderíamos ampliar a dimensão da convivência

discipular.

Esse estilo de vida houve em Cristo Jesus e sua caminhada apostólica. Wesley vivenciou

essa mesma realidade na dinâmica da vida cristã presente em sua comunidade primitiva

metodista. Dessa forma o processo de santificação tornou-se de alcance relacional pessoal e

social.

IMPLEMENTAÇÃO DO DISCIPULADO

A - Selecionar um pequeno grupo entre 10 a 12 pessoas.

B – Promover um retiro inicial de trabalho com o grupo.

C – Reunir semanalmente o grupo.

D – Escolher um espaço acolhedor, que propicie vínculo de intimidade, sem interferências

e oportunize a espontaneidade.

E – Propiciar momentos de lazer, comunhão e convivência.

16

F – Na conclusão de cada módulo ou etapa (que pode durar de três meses a um ano) é

fundamental a realização de um momento especial que marque o término- retiro,

confraternização, viagens missionárias, etc.-

PLANO NACIONAL – DISCIPULADO

FASES MATERIAL INDICADO (Momento Inicial)

FASE 1  INTRODUÇÃO - Cartilha do Discipulado . Livros; “O Caminho do

Discipulado. Bispo Paulo Lockmann e Kairós – Estudos Bíblicos

Pastorais. Ano 1 . No. 2 – Outubro de 99 – 4 RE. Bispo Josué Adam Lazier.

FASE 2  FUNDAMENTOS DA FÉ– Seguir a Cristo. Manual do Discipulado – Vol.

1, Bispo Paulo de Tarso Oliveira Lockmann e Professora Zélia

Constantino. Ed. Bennett . Tópicos do programa de Discipulado da Igreja

Metodista em São Mateus. IV RE. Livro publicado pela Quinta Região

visando o Preparo de Novos Membros(......)

FASE 3  O CARÁTER CRISTÃO - Em produção.

FASE 4  INDO E FAZENDO - Texto – Carta Pastoral sobre Dons e Ministérios do

Colégio Episcopal – 2a. Edição – Novembro de 2001.

FASE 5  APROFUNDAMENTO TEMÁTICO - Texto experimental em Brochura-

Na Escola do Espírito - Dr. Justo Gonzáles e Companheiros em Cristo Junta

de Discipulado - The Upper Room.

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

* Até final de maio - Encaminhamento pelas Regiões das 10 (ou mais) igrejas para

o momento de Implantação.

* Até 10 de setembro - Encaminhamento do Relatório Avaliatório das experiências

obtidas com as igrejas locais.

* 21 a 25 de outubro - Implantação Nacional do Programa ( Ministerial Nacional).

17

APÊNDICE I

A BÍBLIA E O DISCIPULADO

1) No Antigo Testamento

Vejamos o que encontramos no livro de Êxodo 18.17-27:

Encontramos aqui alguns aspectos do discipulado. Moisés estava sobrecarregado devido a

grande trabalho que desenvolvia e o tipo de liderança que usava para o cumprimento de sua

missão junto ao povo – despertar, educar, guiar, interceder, enfim, estar junto do povo em

nome de Deus e interceder pelo povo junto a Deus. Getro, seu sogro, vendo a sua aflição e

sobrecarga, lhe dá o conselho para “escolher”, dentre o povo, líderes que viriam a se tornar

responsáveis por grupos de pessoas. O texto não fala do desenvolvimento de um método de

discipulado, mas apresenta alguns aspectos de relacionamento e vivência presentes no

discipulado. Moisés escolhe líderes passa a conviver com eles, instruí-os, orienta-os,

supervisiona-os, delega-lhes certas atribuições e dá poderes. Estes são alguns aspectos

presentes no princípio do discipulado.

Atendendo ao conselho do seu sogro Moisés escolhe homens capazes, de todo Israel, e os

constitui por cabeça sobre o povo, dando-lhes certas atribuições de liderança ,

principalmente os de julgamento de situações mais simples. Isto aliviou o trabalho de

Moisés; colocou a formação de um grupo de discípulo que consigo convivia e o seguia

como mestre.

Em Salmo 78.1-8, temos a grande preocupação educativa em relação às gerações mais

antigas para com as novas gerações. O texto reflete a mesma preocupação de

Deuteronômio: a responsabilidade da família (pais) na passagem dos valores, dos atos

históricos expressos por Deus junto da história a Comunidade da Fé, nas celebrações dos

atos e momentos marcantes e significativos na história do povo de Israel. Aqui temos um

processo discipular onde o ensino, a transmissão de valores, os momentos significativos

vividos pelo povo seriam levados às novas gerações. O objetivo é dar continuidade a uma

contínua confiança em Deus; a tomarem conhecimento e vivenciarem os grandes feitos

divinos junto ao povo; a observarem e seguirem os mandamentos e a permanecerem fiéis

perante o Senhor não tendo um coração inconstantes conforme os pais (povo de Israel e sua

liderança)

No contexto do Antigo Testamento o discipulado é visto não apenas como transmissão de

conhecimento, valores, aspectos culturais e religiosos, mas acima de tudo, como a

transmissão da vivência. Aqui reside basicamente a diferença entre o discipulado grego do

sistema rabínico.

18

Em 1 Reis 19.19ss, vemos Elias buscando alcançar Eliseu com o seu manto sinalizando

assim a escolha divina que visava uma continuidade profética. Eliseu seguiu Elias através

de um estilo de vida relativo ao discipulado. Em 2 Reis 2.35,7,15 lemos: Então, os

discípulos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu e lhe disseram:

Sabes, que o Senhor, hoje, tomará o teu senhor, elevando-o por sobre a sua cabeça” . Isso

referia-se a Elias, deixando claro a importância sucessória estabelecida por Deus a Eliseu.

Temos aqui uma referência aos discípulos dos Profetas. Há a menção de uma Escola de

Profetas, localizada em Gilgal, Betel e Jericó. Da mesma forma que Eliseu em relação a

Elias, existiram discípulos que seguiram a Eliseu. Essa relação discipular vemos em

Jeremias (36.6-8), em Amós 7.14, quando Amós faz referência à sua situação particular

fazendo menção ao “discipulado entre os profetas” . Em Isaías encontramos em sua

mensagem através dos diversos períodos da história do povo de Israel a percepção da

existência de discípulos que guardam os oráculos de Isaías e os levam ao povo.

O termo relativo ao discipulado no Novo Testamento tem a sua origem no usado no

sistema rabínico. Jesus aceita ser chamado de “Rabi” e seus discípulos são designados

como “ talmidim” ermo que serve para indicar um determinado tipo de relações humanas

muito comum no judaísmo mais recente. (Schultz, Discípulos do Senhor, SP – Edições

Paulinas, 1969, p.17). O “Talmid” das escolas rabínicas é antes de tudo um estudante... O

seu viver consistia no estudo dos escritos sacros, freqüência às classes e discussão sobre

passagens ou casos difíceis . (Cf Manson. T.W. O Ensino de Jesus, SP – Aste, 1965, p 219)

NOVO TESTAMENTO DISCIPULADO EM JESUS

“Fazer discípulo” foi o princípio básico usado por Jesus em seu ministério. Um de suas

maiores preocupações usado por Jesus em seu ministério. Uma de suas maiores

preocupações foi a de constituir o seu discipulado. Após retirar-se e orar, chamou os

discípulos para a obra. No decorrer do seu ministério conviveu com eles, educou-os,

compartilhou, deu-lhes atribuições e responsabilidades, delegou-lhes atribuições,

supervisionou-os e lhes deu autoridade de “fazerem discípulos”, continuando assim a sua

obra.

Uma das primeiras ações de Jesus foi a de formar o seu discipulado. Mateus 4. 18-22,

Marcos 1.16-20, João 135-40 e outros textos nos falam do “chamado” para o discipulado. O

plano básico de Jesus foi o de formar o seu discipulado. Através dele desenvolveria boa

parte do seu Plano Salvador, principalmente após sua morte, ressurreição e ascensão. Sua

preocupação inicial foi a de “selecionar” os seus discípulos e assim Ele o fez. Selecionou

homens comuns, imperfeitos, carentes temperamentais, mas que estavam prontos a crerem,

aprenderem crescer s aperfeiçoarem e se disporem a cooperar com a obra do mestra. Eram

homens e mulheres que reconheciam suas realidades e carências, mas que estavam prontos

a confessá-las e a confiar na Graça de Deus para sustentá-los. Muitos foram seus discípulos,

todavia 12 foram destacados para convivência e um trabalho especial.

O grupo principal de discípulos de Jesus foi “um pequeno grupo”, composto de 12 pessoas,

suficiente para permiti-lhe conviver o máximo possível com eles, instruí-los, acompanhálos,

ajudá-los, dar-lhes atribuições e supervisioná-los. Lc 6.13-17; Mc. 3.13-19

19

Os evangelhos são claros em relatar os mais diversos momentos da vida de Jesus,

enfatizando a sua presença com os discípulos, principalmente nos momentos mais

significativos de sua vida.

Jesus nunca deixou de ter contato com pessoas e multidões. Seu ministério foi vivido no

meio do povo, atendendo às suas necessidades. Mas justamente objetivando amar melhor a

multidão, atingí-lo com Sua Graça é que escolheu o princípio do discipulado. Ele

necessitava de pessoas que poderiam conviver, alimentar, educar e servir às multidões.

Conviveu com este pequeno grupo, treinando-os e enviando-os à multidão. O discipulado

não desprezava o povo, a multidão, ao contrário, estabelece métodos e atitudes mais

adequadas para atingi-la. A maior parte do seu ministério foi vivido com os discípulos; os

momentos mais íntimos, revelatórios e fundamentais de sua vida e ministério, foram

desenvolvidos ou aconteceram junto com os discípulos em Cristo. O objetivo presente é o

de enfatizar o fato básico de que o “discipulado” foi um princípio fundamental no

ministério de Jesus.

Resumindo: Cristo escolheu discípulos. Conviveu com eles. Supriu suas necessidades.

Instruiu-os pela palavra e vida. Viveu com eles o seu ministério, demonstrando na prática e

na vida a sua mensagem e obra. Deu-lhes atribuições, delegou-lhes poderes. Enviou-os à

obra. Supervisionou-os e acompanhou a vida e ação do grupo. Deixou um princípio para ser

aplicado e desenvolvido, dando-lhes a missão de “fazerem discípulos”, antes de voltar para

o Pai.

Em Mateus 28.18-20, texto citado também por Marcos, Lucas e Atos, Jesus enviou os

discípulos para o cumprimento da Missão, diz-lhes:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os, em nome do Pai, Filho e

Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que

estou convosco todos os dias até a consumação do século”.

Jesus é bem objetivo aqui. Ele comissionou os discípulos para a Missão. O princípio básico

para o seu desenvolvimento é IR e FAZER DISCÍPULOS. O IR ou INDO, como alguns

afirmam é um imperativo do Senhor. Isto significa testemunho, ação, serviço, envolvimento

na obra do Senhor, vida cristã.

O objetivo do “ir” é “fazer discípulos”. O discípulo faz discípulo – multiplica. Somos

discípulos que temos o objetivo de fazer novos discípulos, despertando-os para Cristo,

ensinado-os, educando-os, convivendo com eles, amando-os e suprindo suas necessidades,

acompanhando-os, servindo, testemunhando e vivendo, capacitando-os para a obra, dandolhes

atribuições, delegando responsabilidade, envolvendo-os no ministério e

supervisionando-os. Para se fazer discípulos é necessário “ensinar” , realizar o processo

educativo, em todo o seu amplo sentido.

Não basta batizar o discípulo. Ele tem de ser educado continuamente, crescer, atingir a

maturidade, ser capacitado e enviado para o serviço.

20

Foi isto o que Jesus fez, desenvolvendo o princípio do discipulado em pequenos grupos ou

células, que possibilitam um maior conhecimento, convivência entre seus membros,

maturidade no amor, companheirismo, educação e serviço.

O mesmo princípio que Cristo usou, Ele deixou para a Sua Igreja “fazer discípulos”. É nele

e com ele que aprendemos e desenvolvemos o discipulado cristão.

Atos dos Apóstolos 2.42-47; 432-35, refletem a vida comunitária dos que crêem. Os

seguidores primitivos do Evangelho vivem um estilo de vida que choca e impacta a

comunidade judaica e outras comunidades. Encontramos aqui a forma como viviam os

discípulos do Senhor: unidos, em comunhão, vivenciando dinamicamente a piedade,

oração, o partir do pão... tinham comunhão uns com os outros, possuíam um coração,

partilhavam bens, exerciam a solidariedade, etc. essa forma discipular representa um

testemunho de relacionamento de uns com os outros. Vida em comunhão é um novo tilo de

vida oriundo da vivência com Cristo.

Vemos biblicamente que o chamado ao discipulado é mais que um vínculo entre o mestre

e o discípulo. Acima de tudo é um convite a uma relação que envolve entrega e renúncia,

disposição e disciplina em aprender e compromisso em ensinar.

Acima de tudo o relacionamento entre Jesus e os seus discípulos é fundamentada na

amizade. Uma relação entre amigos, vivendo a intimidade... Jo. 15.13-15

O discipulado em Paulo

Lendo Atos dos Apóstolos e as cartas paulinas vemos claramente a continuidade do

princípio do discipulado. Paulo também foi discipulado. Após a sua conversão ele foi

educado e preparado para a obra. No seu ministério, Paulo aplicou o princípio do

discipulado. Ele fez discípulos, conviveu com eles, instruiu-os, capacitou-os, deu-lhes

responsabilidades, delegou-lhes atribuições, supervisionou-lhes. Exemplos claros que

temos no seu ministério: Timóteo, Silvano, Tito, Tíquico, Lídia, Príscila, Eunice, Onésimo

e tantos outros. Sempre ele os enviavam cumprimento da missão. Alguns são nomes bem

conhecidos, outros apenas citados, mas todos são exemplos bem ilustrativos da aplicação

deste princípio desenvolvido por Paulo. “Aquilo que eles ouviram, viram, receberam,

aprenderam, deveriam praticar. O discípulo é um seguidor do Mestre. Paulo apela para

serem seus imitadores como Ele era de Cristo. O modelo de Cristo não de Paulo, mas o

princípio do discipulado era o de se ter o mestre como guia.

Para Paulo, o objetivo do discipulado é:

 Colossenses 1.9,10: conhecimento de Deus e sua vontade; vivência de modo digno do

Senhor; crescimento em maturidade na vivência; frutificar no testemunho e nas boas

obras; fortalecimento no poder de Deus; vida em ação de graças.

21

 2 Timóteo 3.10,11,14: o discípulo recebendo ensino, convivendo com o mestre e outros

discípulos, vivendo momentos comuns, permanecendo naquilo que tem recebido; tendo

o mesmo combate. Filipenses 1.30.

 1 Tessalonissenses 1.6-9: recebendo a Palavra, sendo imitador, tornando-se modelo,

testemunhando pela Palavra e vida, em toda a parte. É uma contribuição do ministério

do mestre ou discipulador. 2.13-16: acolhendo a Palavra que pelo poder de Deus opera

eficazmente neles, levando-os a testemunharem e viverem a fé. O fruto deste trabalho

resultará no desenvolvimento do princípio do discipulado junto aos companheiros de

Paulo.

 Efésios 4.12-16: objetivo era de crescimento, aperfeiçoamento, capacitação dos santos

objetivando a comunhão, o amor com Cristo e uns com os outros, o desempenho do

serviço e da missão e a edificação do Corpo de Cristo. Aqui está a finalidade do ensino

e pregação da Igreja.

 2 Timóteo 2.1-3: aqui temos bem claro o princípio do discipulado desenvolvido em

Paulo. “O que de minha parte ouviste... transmite a homens fiéis e também idôneos para

instruir a outros. É um processo contínuo que não pára: o discípulo faz discípulo. Paulo

faz de Timóteo o seu discípulo e Timóteo por sua parte deverá desenvolver o

discipulado junto a outras pessoas, que por sua vez desenvolverão o discipulado junto a

outras pessoas e assim sucessivamente. Esta é uma ilustração objetiva prática do

mandamento de Jesus e da vivência da Igreja Primitiva.

 Os discípulos em sua vivência comum deveriam:

 Colossenses 3.13: suportarem uns aos outros e serem suporte uns dos outros.

 Gálatas 6.2: levarem as cargas uns dos outros.

 Gálatas 3.17-23: Tudo o que pensar, fazer, realizar e nome e no espírito do Senhor

Jesus.

 Efésios 4.32: Ter uma vivência em benignidade, compaixão, perdão e amor.

 Colossenses 3.16: Permitir habitar em si ricamente a Palavra de Cristo. Ter uma

vivência onde a comunhão, o compartilhar, o crescimento e o louvor existam.

Básico: amar, servir, não ser maior do que o Mestre

Estudo 1

Jesus e seus discípulos

O discipulado cristão

Obs.: Este estudo orientado serve tanto para ser usado no sentido pessoal ou em grupo. Leia

com atenção a orientação, consulte sua Bíblia e preencha os espaços vazios.

1. Uma das primeiras preocupações de Jesus o de formar seu discipulado. Veja Mt 4.18-

22; 10.1; Lc. 6.12-16. O que lhe chamou atenção nestes textos?

22

2. Mt. 5.1,2; 11.1; 10.5; 16.24; 16.13-16. Estes textos falam da convivência e dos

momentos em que Jesus ensinava e orientava os seus discípulos. Constantemente Ele

estava com os discípulos. Cite outros textos em que Jesus está juntos dos discípulos.

3. Existiam algumas características fundamentais que deveriam existir no discípulos do

Senhor. Leia os textos seguintes e anote algumas destas características: Mt. 10.24,25,

16.24,25; Jo. 8.31; 13.12-17, 34-35; 15.8. Que outras características deveriam ter?

4. Jesus conviveu intimamente com o seus discípulo. Ele viveu seus momentos mais

importante e decisivos com os 12. Consulte os Evangelhos e verifique quais seriam

estes momentos importantes vividos por Jesus ao lado de seus discípulos ou de um

pequeno grupo deles. Exemplo ilustrativo: Mt. 26.17-19

5. Estava bem claro na mente de Jesus o fato que sua obra seria continuada através de seus

discípulos e da comunidade da Igreja. O envio à missão e a delegação de

responsabilidade missionária aos discípulos não foram acontecimentos ocorridos apenas

posteriormente à ascensão de Jesus. Mesmo durante o seu ministério Cristo deu aos

discípulos certas responsabilidades e atribuições. Veja algumas: Mateus 21.6; Mc. 11.1;

Jo 4.1,2; Mc 6.7-13; Lc 9.1-6; 10.1-12. Haveriam outras?

6. Tenhas uma visão bíblica global da vivência do discipulado com Jesus. Verifique o

texto e anote à sua frente o fato ou significado:

Mc. 3.17:

Mc 9.31

Lc. 19.37

Jo. 2.2

Mc. 1.16-18

Jo. 13.5

Jo 20.26

Jo 19.27

Jo 21.24

Mc 7.17

Lc 9.17

Jo 1.17

Jo 2.11

Jo 6.66

Jo 20.3

Jo 21.1

Jo 21.14

Jo 20.30

7. Procure interpretar e descrever cm suas próprias palavras o que está em Mateus 28.18-

20.

23

Quando o estudo for realizado em grupo o líder deverá orientar o compartilhar de cada um,

focalizando as questões acima.

APÊNDICE II

Uma Visão à Luz da [História e Tradição Metodista]

1. Tem havido a afirmação de que há uma relação direta entre o discipulado e

a tradição Wesleyana.

2. Wesley vivenciou esta experiência na Igreja Anglicana e junto dos

moravianos. Com a evolução do movimento metodista ele ampliou a

compreensão, o significado, a configuração, a praticidade e a objetividade

desses grupos. Ex. Universidade, Clube Santo.

3. Miguez Bonino fala em termos da “eclesiola in eclesia”. Pequenas

comunidades dentro da Igreja, sem descaracterizar esta. Ele sugere o

retorno a essa vivência em nossas comunidades.

4. Dr. David Lowes Watson estuda e avalia esta questão fala em tornar a

“eclesiola” aberta e flexível, permitindo a formação de sociedades e grupos

de discipulados dentro da Igreja, utilizando os “meios de graça” que

oferece a Eclesia e toda a criatividade, disciplina e efetividade que

possibilita a Ecclesiola. Seria uma espiritualidade vivida junto e no meio da

vida.

5. As reuniões de Classes respondem inicialmente à questão de “como

atender às necessidades concretas de tanta gente que aceitava o

evangelho...; como ajuda-las a crescer na fé, alcançando a maturidade;

como leva-las a uma obediência evangélica? No fundo existe um conceito

teológico fundamental: “A justificação pela fé não pode separar-se da

santificação”. Ao estabelecer as regras gerais procura aplicar o Evangelho

a todos os aspectos da vida. É a vivência da fé através da graça divina.

Wesley estabeleceu os “meios de graça” com o objetivo de alimentar a fé e

lava-la a expressar-se através da obediência evangélica.

6. Junto com esta visão está a que cristãos que vivem e compartilham

mutuamente a fé alcançam melhor e mais objetivamente aquilo que

buscam. Assim, apóiam-se uns aos outros, velam um pelo outro, levam os

fardos uns dos outros, vivenciando os princípios bíblicos presentes na

comunidade da fé.

24

O Desenvolvimento

Muitos metodistas têm crido e praticada a herança que nos vem das sociedades

metodistas originárias de João Wesley. Essa prática nos leva ao modelo das

“classes”.

As “classes”eram reuniões semanais e formavam uma subdivisão das

sociedades. Nessas reuniões os membros relatavam a respeito do seu

discipulado, de suas vidas e dificuldades. Juntos os membros procuravam

sustentar-se uns aos outros através do testemunho. Wesley considerou isso

como os “Tenedões de sustenções do movimento metodista”. Velavam-se uns

aos outros. Através do amor.

Liderados por um leigo e supervisionado por um “pregador local” as pessoas

que participavam das classes compartilhavam a sua fé e dificuldades, viviam a

fraternidade, testificavam sobre o seu relacionamento com Deus, através de

Cristo; recebiam instruções, estimulavam-se na vivência da disciplina,

prestavam contas a respeito de sua vivência evangélica, oravam uns pelos

outros...Aqui encontramos o gênio do movimento metodista nos dias de

Wesley, além de uma das maiores contribuições trazidas para a Igreja

Contempôranea. Isso fez diferença entre o movimento Wesleyano e outros de

sua época.

“As reuniões de classes era o lugar onde as pessoas chegavam a compartilhar

as lesões e as feridas obtidas no encontro com o mundo; o lugar onde

alcançavam conforto e fortalecimento uns dos outros e o lugar onde proviam

uma mútua prestação de contas com respeito à tarefa que tinham nas mãos.

Tudo isso nos leva a verificar a “vitalidade encontrada nesses grupos. Wesley

através deles forjou de forma prática a tensão entre o homem como teólogo da

Igreja, interessado na sua tradição cristã e o homem como eclesiástico prático

no campo da ação, espalhando e Evangelho e edificando a fé das pessoas que

respondiam à mensagem proclamadora.

Wesley sempre preocupou-se em enfatizar que a forma de ser da Igrejas em

sociedades, classes ou bandas (bands) não descaracterizava a unidade da

Igreja. Tudo era visto como algo “dentro da igreja” e não fora dela.

A grande preocupação básica de Wesley era a da vivência do Discipulado. O

caminho do discipulado através da Graça. Nesse sentido ele buscava levar as

pessoas no caminho da maturidade cristã, ao mesmo tempo em que capacitava

25

os féis visando desenvolver o discipulado no mundo. O Caminho do

discipulado era o vivenciar a obediência para com Deus através da prática do

amor. A forma usada para alcançar esse objetivo era o de reunir-se

semanalmente. Esses momentos de comunhão, obediências, avaliação e

prestação de contas ele denominou de “meios prudenciais da graça”, através

dos quais estavam as disciplinas pessoais, as formas de confraternização e

outro mais. Pessoas interessadas no Evangelho, novos convertidos e cristãos

na busca do aperfeiçoando eram colocados nas classes. Essas classes foram

denominadas como o “motor do movimento metodista”.

UM POUCO DE HISTÓRIA

A reunião de classes foi adotada como a estrutura básica do metodismo.

Temos referência ao seu início em fevereiro de 1742, através de um

marinheiro Judeu (Capitão Foy) que buscou o recolhimento de “um centavo

semanal” visando apoiar os que tinham dívidas. Cada classe funcionava em

torno de 10 pessoas, tendo um líder que a conduzia. Com o seu

desenvolvimento esse forma de ser demonstrou o ser o que era necessário para

impulsionar o discipulado entre os membros de uma sociedade.

No mesmo contexto das classes existiam as “bandas” – (bands), que

continuaram a funcionar beneficiando a quem necessitava a um processo mais

íntimo de comunhão e crescimento. As bandas eram divididas segundo o

modelo morávio: idade, sexo, estado civil... As classes eram divididas de

acordo com o lugar em que os membros e o líder residia. Homens, mulheres,

anciãos, casados, solteiro, jovens de todos pertenciam às classes onde

moravam.

O líder de Classe

Eles eram elementos cruciais na linha de autoridade e comunicações. Wesley

era quem os nomeava. Esses líderes reuniam-se semanalmente com um

pregador local indicado por Wesley. As sociedades reconheciam os seus

líderes através do seu modo de ser, seus dons e seus frutos. Nos encontros

semanais além das informações prestadas sobre as suas classes os líderes

recebiam conselhos, informações e orientaçao. Discernimento espiritual e

disciplinam eram aspectos valorizados por Wesley em seus líderes.

26

Os líderes opinavam a respeito de quem deveria entrar para o grupo. As

Regras Gerais – a – Fazer o bem; b- Não fazer o mal; c- Cumprir as

ordenanças divinas – tornavam-se um guia orientador para o líder junto das

classes. A Comunidade primitiva wesleyana vivenciava dinamicamente os

“atos de piedade”e as “obras de misericórdia”.

O desenvolvimento das classes prévia ir além do que um mero formalismo. A

catequese era um princípio a ser desenvolvido. Perguntas e respostas eram

usadas. As reuniões começavam com orações, cânticos tendo em seguida

momentos de informação e avaliação quanto ao cumprimento das regras gerais

e a vivência do discipulado. Confraternidade e companheirismo deveriam

existir entre todos nesta caminhada visando a maturidade cristã.

Nas bandas (grupos menores) esses objetivos eram buscando mais

intensamente. Aqui o intercâmbio era mais informal e a intimidade mais

profunda.

Todos os membros da organização metodista reuniam-se nas bandas ou nas

classes semanalmente. Todos os tipos de pessoas ocupando as classes sociais

as mais diversas (trabalhadores, dona de casa, empregados, servos,

desocupados, agricultores, artesões, pequenos comerciantes) estavam juntos

na vivência dessa espiritualidade.

MESMO QUE DE FORMA RESUMIDA temos um visão da importância e do

lugar que os “pequenos grupos” tiveram nos primórdios das comunidades

metodistas.

Ao tratar de “discipulado”, células, grupos familiares, reuniões de grupos e

outros semelhantes muitas pessoas têm enfatizado o papel e a grande

contribuição dada pelo metodismo wesleyano. Nesse momento em que se

procura estrutura o Movimento do Discipulado na Igreja Metodista é

fundamental conhecer-se e avaliar-se o lugar que as Sociedades, as classes e

as Bandas tiveram no metodismo primitivo. Partindo das fundamentações

bíblicas e seguindo a trilha da história podemos estabelecer, de forma

adequada, esse Programa na Igreja hoje. Esse estabelecimento tem origem na

convicção de que essa forma de Ser é um aspecto fundamental para a vivência

de nossas comunidades de fé. O motivo que leva o Colégio Episcopal a

valorizar essa caminhada está antes e acima de movimentos surgidos em nossa

época, dentre os quais pode-se citar o G-12.

27

Somos levados a meditar e responder:

“O Contexto vivido pelo movimento metodista continua oferecendo à Igreja

de hoje um paradigma para o Discipulado?”

Somos desafiados a viver os valores, os princípios e a prática que nossos

antepassados viveram. Isso significa reunirmos em pequenos grupos (10-12

pessoas) visando compartilhar a fé, acolher uns aos outros, partilhar a respeito

do nosso testemunho, confessar as nossas fragilidades, aprimorar e aprofundar

o nosso discipulado, estudar a Palavra, orar mutuamente, louvar, adorar e

servir. Resumindo: Viver mais plenamente conosco mesmos e entre nós os

atos de Piedade e as obras de Misericórdia. Para nós hoje, tudo o que vimos,

significa vivenciar um Estilo de Vida Evangélico, sob a ação da Graça Divina

e a inspiração e sustentação do Espírito Santo.

APÊNDICE III

DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DO DISCIPULADO

O formando Saulo José de Souza, em sua monografia: “O discipulado como um meio de

crescimento qualitativo e quantitativo para a Igreja” – (2002) agrupou algumas definições

conforme segue:

A - Discípulo é o aluno que aprende as palavras, os atos e o estilo de vida de seu mestre,

com a finalidade de ensinar a outros. Keith Phillip, A formação de um Discípulo. Ed. Vida,

1983. SP.

B - Discípulo é muito mais que ser um cristrão, um mebro do Reino de Deus. Consiste

em servi-lo como um escravo. Juan Carlos Ortiz ( O Discipulo.Ed. Betânia. Venda Nova.

1980). Há aqui a visão de discípulo como um servo . Surge aqui uma relação entre o

discípulo e mestre fundada no serviço. Jesus m esmo disse: Servir tal como o Filho do

homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de

muitos -;Mt. 20.28 e “...Maior é quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem

está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve”. Lc. 22.;27.

C – “Um discípulo é uma pessoa cujo compromisso principal na vida é seguir o seu mestre,

desenvolver-se para ser como seu mestre, e fazer a vontade do seu mestre.”- Kornfimeld,

David. E. “As bases para a formação de Discipuladores.SP. Ed. Sepal, 1996, pg.25. Jesus

28

expressou em seu ministério os seus ensinamentos e o estilo de vida que desejou impregnar

aos seus discípulos.

D – Ser discípulo é tornar-se parecido com o Mestre”. Em Mt. 10.25, Jesus afirma: Basta ao

discípulo ser como o seu mestre. Evans, Tony, Discipulado Dinâmico,SP. Ed. Vida, 1997.

De certa forma, afirma Saulo em sua monografia, “todas essas especificidades estão

presentes apontando uma mesma direção. Destacamos as seguintes: seguir, aprender,

imitar, servir, compromisso, mordomia, compartilhar, ensinar, doar, desenvolver-se,

continuidade... Acima de tudo, quando falamos em discipulado

falamos de “um relacionamento que é construído num ambiente de partilhar, de troca de

experiência de vida...buscando um crescimento e aperfeiçoamento cujo objetivo é levar ao

discípulo a experimentar uma certa maturidade. Evans afirma: “Discipulado é aquele

processo de desenvolvimento da igreja local que progressivamente conduz os cristãos da

infância para a maturidade espiritual, de tal maneira que se tornam capazes de repetir o

processo com outra pessoa. “(pg. 14). Esse processo de crescimento é dinâmico, contínuo

e progressivo.

Ele só pode ser construído num contexto de partilha, de comunhão, de relacionamento que

permite haver no meio dos irmãos confiança, amor, e entrega.. Ortiz afirma que “

discipulado não é comunicação de conhecimento, mas comunicação de vida “(Ser e Fazer

discípulo. Loyola,1990.pg.68). Ao avaliar o discipulado em Jesus vemos que ele foi

marcado por um clima de relacionamento que buscava levar todos à vida que havia nEle..

Aqui o discipulado torna-se um processo que busca alcançar a perfeição cristã. Um

processo de aprendizagem, vivência, comunhão, crescimento, submissão e obediência.

Evans afirma que é “no processo do discipulado que o crente desenvolve a sua experiência

com Cristo e cresce na fé”. (10).

Segundo o bispo Josué Adam Lazier o “Discipulado implica no envio para a vivência de

um estilo de vida e para o pastoreio do povo de Deus, bem como o serviço através dos dons

e ministérios.” (A Igreja de Mateus, Diálogo Pastoral, IV R.E.. BH. N.10,Outubro de

1999). Lendo diversos textos do Bispo Josué sobre o tema , o formando Saulo afirma:

“O discipulado deve ser uma relação de amor, justiça e respeito ao próximo. Nesse

processo de vivência é necessário cultivar a prática da piedade e também os atos de

misericórdia. Tudo deve ser feito como gesto de amor e gratidão a Deus por sua infinita

graça expressos em atos de amor ao próximo”.

Voltando um pouco no tempo, seria importante recordar aspectos significativos do

Discipulado presentes em Dietrich Banhoeffer, teólogo alemão, morto no campo de

concentração, na primeira metade do século passado Para ele, o discipulado é, acima de um

método,. uma “condição de vida” que a pessoa passa a ter. Nesse discipulado encontramos

a razão de ser do nosso viver – o viver em Cristo, com Cristo e por Cristo. Ao refletir

sobre o discipulado ele usa as idéias de “graça preciosa” e “graça barata”. Essa última é

que mais tem caracterizado o discipulado moderno... oferecemos ao mundo e ao pecador

uma graça que não justifica ..., não se compromete... um a graça sem um discipulado

comprometido com a cruz, o esvaziamento, o sujeitar-se a Cristo. A verdadeira graça –

“preciosa” – está comprometida com a vida, as pessoas e o mundo. Tem um alto custo,

29

conforme houve no seu Senhor. Requer renúncia, sofrimento, perda e não meramente lucro

e vitórias como hoje se vê.

Definindo-se sobre a natureza dos pequenos grupos, a sua diferenciação em relação ao

agrupamento eclesial conduzido por um pastor, Ed René Kivits, pastor da Igreja Batista da

Água Branca em São Paulo, afirma em seu livro: “Manual para líderes de pequenos

grupos?”Abba Press,1994. SP. Pg.27:” Há, pelo menos , tres bons argumentos bíblicos para

este conceito (pastorear em agrupamentos humanos). O primeiro é que a solidariedade é

marca distintiva do estilo de vida cristão, e não apenas do estilo de vida dos pastores da

igreja. Amar ao próximo com a si mesmo, chorar com os que choram (Lc.10.25-27; Rm.

12.14;13.8) é característica de gente cheia do Espírito, que já foi liberta do egoísmo. Em

segundo lugar, o apóstolo Paulo ensina que admoestar os insubordinados, consolar os

desanimados e amparar os fracos é tarefa de todos os cristãos (I Ts. 5.14). Essas coisas são

uma contingência de se viver na família de Deus. Finalmente, a listagem dos chamados

“mandamentos recíprocos” não deixa qualquer dúvida sobre a proposta de Deus para o

cuidado do rebanho. Alguns dizem que são 27 os mandamentos recíprocos ins aos outros:

levar as cargas, aconselhar, ensinar, exortar, orar, são expressões que definbem o ministério

pastoral , tanto da igreja quanto do pastor da igreja”.

Christian A Schawartz afirma em seu livro “O Desenvolvimento Natural da Igreja”, Ed.

Evangélica Esperança,Curitiba, 1996,pg.22-23 :” Os líderes de Igrejas que crescem

concentram os seus esforços em capacitar outras pessoas para o ministério. Eles não usam

os seus colaboradores como “ajudantes pra alcançar os seus próprios objetivos em

implantar sua visão. Pelo contrário, a pirâmide de autoridade é invertida: os líderes ajudam

a cada cristão a chegar à medida de plenitude intencionada por Deus para cada um; eles

capacitam, apoiam, motivam, acompanham a todos individualmente para que se tornem

aquilo que Deus tem em mente.”

APÊNDICE IV

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCIPULADO

Como sinônimo aos grupos do Discipulado temos encontrado em atividades nas igrejas

locais de várias denominações evangélicas: células, células familiares, grupos, grupos

familiares, grupos ECO – Estudar, Compartilhar e Orar, Pequenos grupos, Grupos de

discipulado.

Marcos Rodrigues Lima, formando do ano 2000 da Faculdade de Teologia, desenvolveu a

sua monografia trabalhando a questão dos Grupos Familiares. Ao tratar considerações a

respeito da importância desses grupos, dos motivos por que esses grupo falham e dos

30

perigos que eles enfrentam, usando fundamentações estabelecidas por David Kornfield,

Gedimar de Araújo, Ed René Kivitz e outros em livros que consideram o assunto

desenvolveu a temática considerando o seguinte,

IMPORTÂNCIA DO GRUPOS FAMILIARES (DE DISCIPULADO)

1 . Geração de envolvimento pessoal abrangendo a maioria das pessoas que participam da

comunidade local. Esse contato em grupos possibilita mais convivência e evita a

despersonalização. Aqui o anonimato desaparece. Torna-se uma forma de vivenciar o

Sacerdócio Universal de todos os crentes.

2 . Propicia mais intimidade e comunhão. Na vivência dos grupos possibilita-se uma maior

convivência entre os seus membros gerando conseqüentemente o fortalecimento dos laços

de amizade.

3 . Geração de Evangelização . O fato dos grupos estarem presentes em casas e locais

diversos abre espaço para uma maior participação de familiares e amigos. Por outro lado

com a abertura às pessoas espaços de testemunhos e experiências vivenciadas com o

Evangelho motiva-se mais as pessoas a uma aproximação e consequente acolhimento de

Cristo.

4. possibilita a Integração de pessoas. O conhecimento das pessoas e a convivência tida nos

grupos cria um melhor espaço de integração entre as pessoas.

5. gera uma forma mais dinâmica de Pastoreio, eliminando a sobrecarga que recai sobra

o(a) Pastor(a). A liderança forma com o pastor um grupo através do qual além da

convivência estabelece-se formas dinâmicas de pastoreio.

6. formação de novos lideres. Numa comunidade pequena estimula-se e identifica-se novos

líderes que, após treinamento, passam a integrar-se na dinâmica do discipulado.

7. Ajuda a Apoio mútuos surgem como resultado do melhor conhecimento e da maior

conviv~encia tida no grupo entre as pessoas. O grupo estimulado a vivenciar o Evangelho

através da comunhão uns com os outros e do apoio mútuo, levando-se no espérito de Cristo,

as cargas e os fardos uns dos outros.

8. Desafia e estimula a prática do Evangelho. Além do aprofundamento no conhecimento

da Palavra existe o estímulo para viver-se e praticar-se o Evangelho. Os encontros do grupo

cria possibilidade de partilha e mútuo enriquecimento através da prática evangélica em

todos os níveis da vida da pessoa e de seus relacionamentos.

Christian Schwartz afirma que “nos grupos familiares as pessoas podem encontrar atenção

humana, ajuda prática e intercâmbio espiritual intensivo, pois além do estudo bíblico eles

agregam impulsos bíblicos às indagações cotidianas dos indivíduos participantes”.

APÊNDICE V

POR QUÊ OS GRUPOS DE DISCIPULADO (FAMILIARES) FALHAM?

31

Nem sempre as experiências da vida e convivência os grupos familiares apresentam fatores

positivos. Podem existir elementos que podem inibir, atrapalhar ou impedir a alcance dos

objetivos buscados. Dentre eles citamos:

 Falta de visão, participação e apoio pastoral. É fundamental ao pastor(a) a

estimulação, o acompanhamento e a supervisão pastoral junto da igreja, em

especial de sua liderança. O pastor deverá ter o seu grupo formado pelos líderes

dos outros agrupamentos.

 Falta de experiência, vivência e iniciação de grupos de discipulado. A iniciação

dos grupos é fundamental. Muitas vezes na ausência destes inicia-se de forma

inadequada um grupo escolhendo pessoas sem critérios objetivos e adequados.

O melhor é iniciar-se um grupo com a liderança ou grupos que partilham da

ação pastoral da igreja (Clam).

 Ausência eficaz de supervisão e carência de treinamento junto dos líderes. Falta

de acompanhamento, direção e reciclagem no treinamento da liderança pode

causar resultados inadequados e negativos. A formação e convivência com os

líderes é um processo contínuo. Reunir-se com essa liderança para a avaliação e

acompanhamento do funcionamento dos grupos e de seus resultados é algo

prioritário.

 Carência de sentido de Missão. Grupos de discipulado não existem com um fim

centrado em si mesmos. Ele é parte da Missão definida pela Igreja e pela

comunidade local.

 Pessoas “supercarentes” podem fragilizar e até destruir um grupo. Muitas vezes

pessoas com carências emocionais, espirituais e físicas carecem receber um

acompanhamento especial. Os grupos não estão preparados para isso e quando

busca ocupar-se demasiadamente com uma pessoa pode fragilizar-se.

 Não acúmulo de responsabilidade junto da igreja local. Existem pessoas muito

atarefadas na vida da igreja e que não teriam condições de assumir mais uma

responsabilidade. Seria melhor escolher e formar líderes que não estejam

sobrecarregados. Da mesma forma, o estabelecimento d formação de grupos de

discipulado, se for algo de forma geral na comunidade, exigirá um

reescalonamento das reuniões, celebração e atividades junto da igreja local,

visando não ser mais um trabalho, prejudicando a si mesmo e as outras

realizações semanais.

 Má seleção dos líderes. Tem faltado critérios que sejam estabelecidos e

respeitados ao selecionar-se e treinar-se os líderes. Nem sempre a antiga

liderança da igreja é a mais adequada para esse trabalho. Não se pode aqui

marginalizar pessoas e nem sobrecarregá-las. Uma seleção através de

prioridades, transparente e objetiva ajuda a comunidade local a acolher a

liderança e a participar do processo discipular.

 Essas e outras situações poderão cooperar para falhas, fragilidades e menosprezo

na presença dos grupos de discipulados numa igreja local.

EQUÍVOCOS E PERIGOS POSSÍVEIS

32

Sempre, em qualquer atividade, corremos riscos e equívocos perigosos na sua implantação.

O pastor Ed René Kivits enumera alguns:

1. Os grupos que se fecham em si mesmos;

2. Quando os grupos começam a competir entre si e disputar qual é o melho;

3. Quando os grupos reivindicam autonomia em relação ao todo da igreja;

Poderíamos enumerar outros, tais como:

4. O exercer de domínio sobre grupos e pessoas através da igreja, de pastores e da

liderança. Isso pode provocar sérias divisões na comunidade local. O bispo

Josué adam Lazier através de uma carta pastoral sobre Discipulado elenca

alguns dos perigos que podem existir em nossas comunidades:

5. Negação das experiências tidas com Deus;

6. Indução por meio de música, repetições, sugestionamento e intimidação.

7. Discriminação na seleção de pessoas, tanto na participação bem como na

liderança do grupo.

8. A falta de partilha, de conhecimento e de divulgação do que tem acontecido nas

reuniões dos grupos. A proibição dessa partilha atrapalha e torna-se um

constante perigo para os grupos;

9. Uso de técnicas científicas e específicas a determinados profissionais por leigos

e pessoas não habilitadas. Como exemplo, técnicas de regressão, hipnotismo,

etc.

10. Questionamento, desintegração e menosprezo à denominação da qual participa.

Isso possibilita semear a indisciplina institucional e doutrinária.

11. Interpolação e doutrinas, princípios e filosofia incompatíveis com o Evangelho e

com a tradição metodista, vindas de outro movimentos e de filosofias orientais.

12. Personalismo e centralização de liderança criando dependências dos membros

do grupo para com o líder e, muitas vezes, um espírito de submissão indevida.

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